Por Natan Teodoro
Primeiramente é pertinente perguntar como surgiu este tema. Pois bem, estava analisando o teor das pregações e raros estudos bíblicos que se dão nas vias midiáticas, tais como, a televisão, o rádio, as revistas e a internet, e também através das igrejas, neste caso os discursos públicos proferidos pelos "ministros da palavra", nesta observação, que não foi tão profunda e nem muito acadêmica, mas com algum senso de criticidade, pude notar a fragilidade, a incoerência, a superficialidade, a incongruência, a corruptibilidade e a impertinencia dos conteúdos pregados por muitos dos grandes nomes do meio cristão, neste caso os pregadores e pregadoras que estão transmitindo suas mensagens via mídia tornam-se os alvos mais notáveis.
Porém, surge uma interpelação neste tema, porque o nível das pregações e discursos anunciados principalmente nas comunidades cristãs está tão baixo? Nível teológico baixo, nível de espiritualidade quase inexistente (neste caso espiritualidade é a vida pessoal e comunitária em comum contexto com a pregação do evangelho), nível missiológico precário (missiológico no sentido do Reino de Deus como uma prática necessária), e quase que totalmente incoerente e desnecessário.
Hoje vivemos numa cultura de mercado, ou seja, é necessário que o seu produto agrade os consumidores para que os mesmos o adquiram, nisto as igrejas apelam para o chamado "aquilo que o povo gosta" ou "aquilo que o povo quer", e este processo atinge as músicas cantadas nas igrejas, as orações, os projetos, o planejamento e não obstante as pregações. Neste caso as pregações ou discursos tangem para um apelo capitalista do "deus banqueiro", ou seja, aquele deus que esta pronto a negociar um empréstimo, um financiamento, a abertura de uma conta em seu banco, basta apenas pagá-lo com orações, adorações, dízimos e ofertas e etc, lembrando que o deus do dinheiro e da prosperidade na Bíblia é Mamon (Mateus 6, 24).
Nisto a mensagem do evangelho se torna um fast-food, ou seja, aquele alimento rápido, saboroso, barato, porém, de baixo teor vitamínico, pelo contrário gorduroso e prejudicial a saúde, com um curto prazo de validade e que tem consequências desastrosas como obesidade, fraqueza, diabetes, pressão alta e muitas outras doenças. Quando na realidade o evangelho deveria ser servido como um jantar bem caprichado, saudável, com vitaminas de sobra para que a saúde espiritual, teológica, intelectual e até a carnal fosse de uma melhor qualidade.
Este é um dos motivos pelo qual os cristãos e cristãs de hoje são muito fracos na fé e na maturidade, gostaria de citar um texto bíblico:
"E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo. Leite vos dei por alimento, e não comida sólida, porque não a podíeis suportar; nem ainda agora podeis."
I Coríntios 3, 1-2.
Tomando este texto de forma pontual gostaria de comentar que o apóstolo Paulo não podia dar um alimento sólido para os cristãos e cristãs de Corinto pela sua carnalidade, neste sentido é necessário olhar para os próximos versículos para entender o porquê da carnalidade dos tais irmãos:
"Porquanto ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja e contenda, não sois porventura carnais, e não estais andando segundo os homens?"
I Coríntios 3, 3-4.
O motivo da acusação de Paulo era as mediações carnais para as situações cotidianas de uma comunidade, pois, o conflito gerado (descrito em I Coríntios 3, 5-23, e não cabe aqui detalhar) era recebido com inveja e contendas. Trazendo para os nossos dias, hoje os pregadores não dão alimento sólido para as pessoas não porque tais não aguentariam, mas porque não querem ou não podem.
Não querem porque a solidez de um alimento causam mudanças estruturais nas pessoas, modificações estas que levam um processo para se firmarem, e todo processo de mudanças causam crises, as crises por sua vez geram trabalhos, principalmente para os líderes, que tem "preguiça" de trabalhar intensamente num processo que trará benefícios maiores dos que as remediações feitas nos púlpitos das igrejas. Não podem porque muitos dos tais pregadores não podem aguentar o alimento sólido, são imaturos e infiéis, por este motivo não podem.
Com tais palavras considero que o texto tem por pretensão não concluir o tema, pois, é um tema muito amplo pra poucas palavras que mencionei, mas mudar o foco, onde a mensagem do evangelho e as mudanças estruturais devem ser o horizonte das pregações e não remédios e receitas mágicas que não resolvem o problemas, mas o pioram.